Capacitação em Inteligência Artificial:
Transcendência através da Reflexão
por Bruno Accioly – 24.08.2025
Na narra, compreendemos que a capacitação profissional em Inteligência Artificial vai além do domínio técnico das ferramentas. Acreditamos que operar um sistema não equivale a compreendê-lo — e é na interseção entre Prática Técnica e Pensamento Crítico que formamos profissionais.
Nosso compromisso é com uma formação integral, que contempla tanto o uso eficaz das ferramentas quanto a compreensão profunda dos princípios que as regem. Para isso, empregamos metodologias didáticas robustas, interdisciplinares e sensíveis à complexidade do aprender.
Nossa metodologia passa pelo Planejamento Reverso, pela Aprendizagem Mediada e pelo Questionamento Dialógico, que podem ser melhor compreendidos no quadro abaixo:
- Planejamento Reverso (“Understanding by Design“, Wiggins & McTighe, 1998), que parte do objetivo final — o que se deseja compreender e ser capaz de aplicar — e constrói o percurso formativo a partir daquilo que realmente importa;
- Aprendizagem Mediada (“Mediated Learning Experience“, Feuerstein, Rand, Hoffman & Miller, 1980), que valoriza a figura do mediador como facilitador da construção de sentido, e não apenas transmissor de informações; e
- Questionamento Dialógico, influenciado pelo Método Socrático, com ênfase no uso de metáforas e analogias como ferramentas cognitivas para compreensão de temas complexos, especialmente no universo da IA.
Essa abordagem nos permite formar profissionais que não apenas sabem o que fazer, mas que também sabem por que fazem, como fazem — e com que impacto.

Visualização e Metáfora como Pontes Cognitivas
Para isso, a narra desenvolve e aplica instrumentos de aprendizagem proprietários, que utilizam metáforas, analogias e visualizações práticas do funcionamento interno das tecnologias estudadas. Esses instrumentos favorecem uma maior intimidade dos aprendizes com os objetos de estudo, promovendo compreensão, familiaridade e autonomia criativa.
Além disso, tais recursos visuais e simbólicos têm profundo valor Andragógico: ao representar de maneira sensível e acessível os conceitos técnicos, favorecem o aprendizado e a apreensão por parte de profissionais — que aprendem melhor quando conseguem ver, interpretar e relacionar o conteúdo com sua prática e experiência prévia.
Cultura de Iteração Reflexiva
Como educador e pesquisador é importante para mim e, por extensão, para a narra, o incentivo à reflexão contínua durante o processo. Neste contexto, ensinar é dialogar com o contexto do aprendiz, provocar insights, escutar atentamente e ajustar a rota em tempo real. Não há rigidez, há escuta ativa. Por isso, todo percurso formativo é vivo, mutável e moldado junto com quem aprende.
Outra prática central é a testagem informal de entendimento ao longo das interações. No meu entender é importante frequentemente fazer proposições, silenciar e observar o resultado. Essa pausa não é ausência, é espaço de reflexão. Espaço para o outro construir sentido, devolver, transformar. O professor deve atuar, a meu ver, como catalisador — e não como centro.
Por fim, destaca-se a atenção constante ao impacto emocional da aprendizagem. A narra entende que formar não é apenas transmitir conhecimento, mas tocar e mobilizar. Um profissional que sente que compreendeu algo profundamente é alguém que incorpora, aplica e transforma. Essa integração entre emoção, conceito e prática é um dos maiores diferenciais da experiência formativa que oferecemos.

Microexploração e Curadoria Afetiva
Dois elementos discretos, mas profundamente estruturantes da prática Andragógica da narra, são a Microexploração de Signos e a Curadoria Afetiva de conteúdo. A Microexploração de Signos é o convite para olhar com atenção redobrada para um detalhe — uma metáfora, um símbolo, uma função — e, a partir disso, expandir um universo de compreensão. Essa técnica permite ao aprendiz transformar algo aparentemente pequeno em ponto de partida para conexões mais amplas.
Já a Curadoria Afetiva se revela na escolha dos materiais, na forma como o conteúdo é apresentado e até mesmo nos silêncios entre uma ideia e outra. Não acredito em meramente entregar o que se deve aprender, mas em criar um ambiente emocional seguro, ética e esteticamente intencional, onde aprender se torna uma experiência prazerosa, significativa e respeitosa para com a trajetória de cada um.
Essas escolhas apontam na direção da minha profunda convicção: de que Ensinar é criar vínculos entre o Conhecimento e quem o recebe. E é justamente por isso que a capacitação na narra deixa marcas que vão além do profissional — e alcançam o humano.
Do Abstrato ao Concreto
Nos cursos da narra, o aprendiz não encontra apenas conceitos abstratos, mas contato direto com as tecnologias que estão moldando o presente e o futuro. Trabalhamos com Modelos de Linguagem (LLMs), RAGs e outras arquiteturas de inteligência artificial; exploramos locução, música, imagem, apresentações e vídeo generativo como formas de expressão criativa; ensinamos o uso de Ações (Actions), Ferramentas (Tools) e técnicas de Orquestração (Scaffolding) para potencializar fluxos de trabalho; mergulhamos em automação no-code e low-code, no Vibe Coding como prática de produtividade, e em estratégias de gestão de hospedagem. Também abordamos o uso de APIs na concepção de produtos digitais, formando profissionais capazes de unir imaginação, técnica e impacto real.
Essa amplitude permite que cada participante transite entre áreas distintas, compondo seu próprio repertório de competências com segurança e visão crítica.

Evangelizar, Inspirar e Fascinar
Em tempos nos quais a Inteligência Artificial cada vez mais se infiltra no trabalho humano, ensinar não é mais apenas uma questão de técnica, mas uma missão quase litúrgica. A narra, a meu ver, deve ter o papel de evangelizar sem dogmas, inspirar sem retórica e fascinar sem ilusão. Criar um ambiente onde o conhecimento não entre apenas pelo intelecto, mas também pela sensibilidade.
É característica da Andragogia a percepção de que o adulto só aprende de verdade quando é afetado. E aqui, afetar não é perturbar… é antes fazer vibrar. É ativar no aluno a consciência de que aquilo que aprende tem implicações no mundo, nas pessoas e em si mesmo. Por isso, intencionalmente, a abordagem da narra passa por provocar, emocionar e conectar.
Capacitar um profissional hoje é, antes de tudo, dar sentido ao seu lugar no mundo transformado pela IA. É oferecer instrumentos, mas também revelar significados. É prepará-lo para atuar com competência, mas também com consciência.
Se, no final, ele sair de um curso da narra com um pouco mais de coragem para criar, de presença para ouvir, de responsabilidade para agir, então talvez, só talvez, estejamos fazendo aquilo que chamamos, por aqui, de formação.
por Bruno Accioly – 24.08.2025